Friday, June 26, 2009

Marcapasso

Meu peito marca um staccato
Ao compasso das horas
Lento e pesado, porém firme
Em sua decisão de bater

- Mesmo que ninguém abra a porta.


17 comments:

Carlos Howes said...

E por trás de cada porta, segredos, cores, vidas...

Adoro Nouvelle Vague e suas versões.

Obrigado pela visita ao meu blog. =)

Darshany L. said...

credo, exatamento o que eu t o sentindo.

as vezes parece que vc le meu coração e transcreve,


que amor maior.

Anonymous said...

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

Vinícius de Moraes

Anonymous said...

Os Três Mal-Amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

João Cabral de Melo Neto

Anonymous said...

Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.

Victor Hugo

T said...

Meço o tamanho do meu amor, pelo tamanho da dor que virá depois.Algo assim, de alguém.

Yaas said...

own *-*
o coração é o pequeno orgão que marca o compasso da nossa dança chamada vida!
beeeijos :*

bia de barros said...

Interessante levantar tantas reflexões sobre um sentimento tão intenso que eu nem mencionara explicitamente...

Obrigada a todos vocês, queridos, por darem vida aos meus escritos!

Att.,

Bia de Barros

Pareta said...

marca passo, samba
sai do seu regaço
leva no compasso
com passos de anja
bate o pé no chão
vira tudo
bate é o coração
vazio e sem ilusão
marca passo e tira a pressão.

Don't Speak said...

'as vezes parece que vc le meu coração e transcreve,


que amor maior.' [2]

beeeeijoo e muito obrigada por escrever coisas lindas para acrescentar algo bom em nossas vidas...^^

beijo!

Rond said...

É simples, o coração manda!

Aline Dias said...

=D

mui bueno

Wagner Marques said...

me enchi de ternura!

¨¨Édna¨¨ said...

Oiii...
passando pra te avisar que tem um selo par ti lá no blog.
beijosssss

Ana said...

lindo *-* tem vezes que a esperança de que alguém abra a porta impede que a gente veja que isso não vai acontecer :/

tô de volta :)

beeijo ;*

Átila Goyaz said...

é isso mesmo...
o coração sofre mas não deixa de bater!

belo blog!

•.¸¸.ஐJenny Shecter said...

Mesmo que ninguém abra a porta!

Beijos e borboleteios