Saturday, April 19, 2008


Wannabis
Na época do Godard, ainda falavam em amor sem receio.

As minhas mãos digitando assim tão devagar lembram a cena de um filme em que ela acha graça ver um escritor que não sabe datilografar com rapidez em sua própria máquina de escrever. Acha graça no escritor; simpatia e graça, um amor. E no entanto, eles não sabem o idioma um do outro...
Eles sempre querem mais um olhar, no fundo anseiam por só mais uma palavra, incompreensível que seja. Querem mais do mesmo místico que lhes faz tão bem, que mal nenhum lhes fará achar engraçado um sorriso, um nada demais, sem querer se separar, e deixar-se estar, sem nada querer, sem nada cobrar. Aprender um pouco o idioma do outro, não para comunicar, contudo para cultivar aquelas poucas palavras como souvenires queridos, de alguém que aos poucos se revelou, ao sorrir, ao sair, ao chegar.
Querem encontrar-se mais vezes, não por obrigação, por redenção, apenas por não terem outro lugar melhor para ir. Assim, vão se enganando, a cada reencontro repetindo que foi um encontro insignificante, que é besteira pensar tanto em uma loucura, só mais um estranho na rua, nada demais vai surgir assim. De chofre, não aguentam uma separação curta. Nenhuma briga séria, entretanto o medo da separação definitiva é maior, porque não sabem sequer pedir perdão na mesma língua...
Aprenderão, se necessário; se em demasia amargurados de remorso por terem se despedido por tão pouco, quando a eternidade em si mesma ainda era pouca para tanta paz. Recorrem ao dicionário, e há tantos nas prateleiras empoeiradas das municipais, das esquinas, dos bares, que pouco esforço se faz e a paz retorna ao lar de onde nunca deveria ter saído.
O retorno se faz em um ambiente hostil, onde apenas duas pessoas se entendem mutuamente e os demais são estrangeiros. O perdão se faz, com um pedido a mais: o de bis, com promessas de se amarem sempre mais, sem nunca se admitir que é amor o que lhes faz querer bis, de algo tão simples e bobo e, por isso mesmo, precioso.

3 comments:

Darshany L. said...

eeeeeeeeee vc consertouuuuuuu

to indo dormir, to com mt sono, mt desesperada, mta coisa pra fazer, depois volto e leio com calma.

beijo (L)

Lis. said...

Interessante foi que lembrei uma antiga canção que costumava cantar no orfeão.

L'AMOUR EST BLUE.

Doux, doux l'amour est doux
Douce est ma vie
Ma vie dans tes bras
Doux, doux l'amour est doux
Douce est ma vie
Ma vie près de toi

Bleu, bleu l'amour est bleu
Berce mon coeur
Mon coeur amoureux
Bleu, bleu l'amour est bleu
Bleu comme le ciel
Qui joue dans tes yeux

Comme l'eau
Comme l'eau qui court
Moi mon coeur
Court après ton amour

Gris, gris l'amour est gris
Pleure mon coeur
Lorsque tu t'en vas
Gris, gris le ciel est gris
Tombe la pluie
Quand tu n'es plus là

Le vent, le vent gémit
Pleure le vent
Lorsque tu t'en vas
Le vent, le vent maudit
Pleure mon coeur
Quand tu n'es plus là

Comme l'eau Comme
l'eau qui court
Moi mon coeur
Court après ton amour

Bleu, bleu l'amour est bleu
Le ciel est bleu
Lorsque tu reviens
Bleu, bleu l'amour est bleu
L'amour est bleu
Quand tu prends ma main

Fou, fou l'amour est fou
Fou comme toi
Et fou comme moi
Bleu, bleu l'amour est bleu
L'amour est bleu
Quand je suis à toi

L'amour est bleu
Quand je suis à toi

http://www.youtube.com/watch?v=VIKpko4Ln90


Sutilmente blue L'amour est Blue.

Saudações extensas.

Unknown said...

eu nunca vi um filme do godard...